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Erasmus +: da Casa Pia de Lisboa para a Finlândia!

9 de Julho, 2025

O CED Pina Manique da Casa Pia de Lisboa partiu rumo a Helsínquia (Finlândia), em maio, no âmbito de uma atividade de Job Shawdoing inserida no Programa Erasmus+ 2025. O grupo, composto por uma Assistente Social e oito Docentes de diferentes áreas curriculares, foi desafiado a explorar o tema da Sustentabilidade em contexto educativo finlandês.

Quer saber como correu? Leia aqui o testemunho:

Helsínquia – Finlândia

Diário de Bordo – Dia 1

A cidade recebeu-nos numa manhã luminosa, pela mão da representante do Helsinki Vocational College (Stadin AO), Kaisa Rastas, agradecendo por termos trazido, de Lisboa, o sol. Levou-nos num percurso inspirador pelos principais ícones culturais, históricos, arquitetónicos e tradicionais.
Sendo a sua especialidade e área de docência a Sustentabilidade, durante a visita foram-nos revelados alguns detalhes que evidenciaram o esforço de toda a cidade em direção a um estilo de vida em equilíbrio com o planeta.
Após a degustação de um almoço tipicamente finlandês – sopa de salmão – dirigimo-nos à Oodi Helsinki Central Library, uma biblioteca carregada de particularidades, num edifício contemporâneo, que nos surpreendeu logo desde início.
A Biblioteca Central de Helsínquia Oodi é um ponto de encontro vivo e funcional, bem no coração da cidade, aberto a todos.
É uma das 38 bibliotecas do município, mas tem a sua própria personalidade, com base nas possibilidades que oferece. Foi construído com preocupações de sustentabilidade ambiental e de adaptabilidade funcional, ao mais ínfimo detalhe.
Fomos recebidos por Harri Annala, que nos guiou ao longo do edifício:

O Piso 1 – espaço de encontros – apresenta diversas zonas multifuncionais e conta inclusive com um inovador sistema automatizado de recolha de livros e até um robot que entrega os livros requisitados.
O Piso 2 – espaço de criação – apresenta espaços para trabalhar, realizar workshops, eventos pop-up, sala de leitura, estúdios de música, de gravação, de fotografia e vídeo, separados apenas por paredes de vidro, que permitem contacto visual com todos os outros espaços, degraus para sentar que são utilizados para trabalhos independentes e descontraídos, salas de jogos. Por fim, toda uma área tecnológica, característica de um FabLab, equipada com impressoras 3D, corte a laser, CNC, microsoldadura, impressões gráficas de grande dimensão, etc.
O Piso 3 – espaço de leitura – a funcionar em open space, mas com áreas bem definidas: secção infantil com espaços para relaxar ou mergulhar em histórias, leitura de jornais e revistas, zonas reservadas ao uso de equipamentos informáticos e ainda jogar jogos de tabuleiro com os amigos. Pudemos ainda experienciar a Varanda dos Cidadãos, espaço de relaxamento e de desfrute onde admirámos o magnífico espaço verde e uma vista espetacular da cidade.

Estes três pisos estão ligados por uma peça artística, uma escada em caracol, que celebra os 100 anos da independência da Finlândia, peça escolhida pelos cidadãos de Helsínquia, preenchida por 381 adjetivos que caracterizam todo o tipo de pessoas, resultantes duma auscultação à comunidade, numa homenagem à diversidade.
O conceito deste emblemático equipamento evoca um verdadeiro espírito de pertença, de envolvimento, responsabilidade e autonomia, onde os utilizadores para além de estar, podem simplesmente Ser.

Diário de Bordo – Dia 2

No 2.º dia, em Helsínquia e, após uma complexa aventura no esforço para identificar e planear o trajeto até ao local da sessão de Job Shadowing (Stadin AO), participámos numa sessão na qual conseguimos compreender algumas das especificidades do sistema educativo finlandês (em particular na área do ensino profissional). Rapidamente compreendemos que aproximadamente 50% dos alunos de Helsínquia estão inscritos nesta modalidade de ensino, em que valores como Flexibility, Opcionality e Validation são pilares estruturais nos quais jovens e adultos partilham saberes e definem percursos formativos diferenciados, devidamente orientados por uma figura de referência – mentor teaching. Dessa forma, a conclusão dos módulos respeita e é adaptável ao desenvolvimento das competências de cada aluno.

Distribuídos por cinco Campus, várias áreas vocacionais são organizadas em percurso formativo, enquadrados com as necessidades do mercado, da comunidade envolvente e numa perspetiva de aprendizagem significativa.
Após o almoço na cantina escolar, seguiu-se uma sessão de apresentação das várias escolas que participam no Programa Job Shadowing 2025. Tomámos contacto com projetos educativos de escolas profissionais oriundas de 5 países europeus, a saber: Espanha, Finlândia, França, Países Baixos e Portugal. De Portugal participam quatro escolas designadamente de Tondela, Pombal, Torres Vedras e Lisboa.

Tivemos oportunidade de apresentar o projeto da Casa Pia de Lisboa, através de um vídeo com duração de 10 minutos, produzido para o efeito e do qual tivemos evidentes reações de agrado e aprovação o que deixou no grupo um sentimento de enorme orgulho.
Na introdução deste vídeo fez-se referência à unicidade da Casa Pia que, enquanto mais antiga escola profissional do país, constitui a verdadeira resposta social à comunidade.

Imbuídos do espírito adquirido na sessão anterior, em que as aprendizagens acontecem em todo o lado, em toda a cidade, não se reduzindo aos espaços escolares, terminámos o dia com uma visita a Suomenlinna, ilha representativa da resistência deste território à ocupação russa (séc. XVIII). Neste local deparamo-nos com um cenário de rara beleza e uma biodiversidade muito evidente, despertando a nossa curiosidade. “Pleno de Natureza. Pleno de Cultura.”

Diário de Bordo – Dia 3

Local de encontro: Escola Stadin AO (Prinsessantie)
Partimos pela manhã em direção a Silitie, onde fomos calorosamente recebidos pela equipa da escola. Após esse acolhimento tão simpático, dirigimo-nos ao campo de basquetebol, onde fomos divididos por 4 grupos correspondentes a 4 atividades diferentes por onde todos passamos. Antes de começarmos a nossa caminhada, fizemos os ajustes necessários, nos bastões de alumínio e demos início à atividade de trekking nórdico, uma atividade típica da Finlândia, com destino a Roihuvuori, onde fomos contemplados com uma bela paisagem, que integra também um braço de mar pertencente ao Golfo da Finlândia.

Durante a caminhada foi-nos proposta uma atividade especial: escolher um elemento da natureza que fizesse sentido para cada um e partilhar o motivo dessa escolha. Além disso refletimos em grupo, sobre algumas questões inspiradoras, que nos foram colocadas, onde cada um partilhou o que sentia em relação a essas palavras, criando momentos de introspeção e conexão com a natureza. Continuámos a caminhada onde vivemos experiências sensoriais únicas: provámos o Koivun Mahla, a partir da seiva retirada da árvore icónica da Finlândia (a bétula prateada), conhecemos alguns símbolos da Finlândia e tivemos contacto direto com flores campestres mais icónicas.

Mais à frente, numa zona rochosa, imitámos os movimentos dos três animais representativos da Finlândia: ursos, cisnes e percas – uma atividade divertida e de religação à natureza. Jogámos Mölkky, um jogo tradicional finlandês que se assemelha ao nosso jogo da malha. Foi um momento de muita animação e partilha. Atividade dentro de uma cabana tradicional chamada kota, em finlandês. Lá, preparámos o tikkupulla, um snack típico finlandês: trata-se de uma massa de pão doce aromatizada com cardamomo, enrolado num espeto de madeira e assado na fogueira. Esta experiência foi, sem dúvida, acolhedora e saborosa.

Todas as atividades foram brilhantemente conduzidas por alunos do curso de Turismo da Stadin AO. Tivemos oportunidade de conversar com todos eles e percecionar o entusiasmo com que criaram e dinamizaram estas atividades de forma extremamente profissional. A atividade encerrou com um agradável momento de convívio entre os grupos, onde bebemos café e chá, partilhando histórias e impressões. Um verdadeiro renovar de alma, onde a simplicidade da natureza e a riqueza cultural se entrelaçaram de forma inesquecível.

Finalmente começámos a perceber os finlandeses, no seu silêncio cheio de significado, a ligação profunda que mantêm com a natureza e na sua forma simples, mas genuína de viver.

 

Diário de Bordo – Dia 4

O grupo de cerca de 50 participantes foi dividido em subgrupos, de acordo com os interesses pessoais e respetivas áreas de docência, tendo partido para locais diferentes pertencentes à Helsinki Vocational College:

– Grupo de 4 elementos (Margarida Zoccoli, Margarida Valadares, Patrícia Coimbra e Rita Almeida) – Unidade de Meritalo – Visita aos Cursos de Hair and Beauty Care e Textile and Fashion. Visitámos as instalações com os equipamentos, o decorrer de algumas aulas e a operacionalização do atendimento ao cliente. Partilhámos igualmente experiências pedagógicas com professores finlandeses.

– Grupo de 1 professor (António Lima) + 2 professores de uma escola de Torres Vedras – Unidade de Kullervonkatu – Visita ao curso de Graphic Design e Publications. Iniciámos com uma reunião e percorremos as instalações modernas e bem equipadas com Mac, monitores de grande dimensão e impressoras profissionais. Vimos o empenho dos alunos em projetos práticos e a sua ligação ao mercado de trabalho. Foram destacadas plataformas digitais criadas pelos professores. De salientar a possibilidade de aulas à distância, se o professor entender.

– Grupo de 2 elementos (professor Henrique Leite e assistente social Vera Neves) – Social Assistance and Health Care. Foi discutido o modelo de intervenção e educação na formação de cuidadores para a 3ª idade e auxiliares de saúde. Tivemos oportunidade de assistir a três classes diferentes com alunos de várias idades. Vimos as instalações, bem como os diversos equipamentos e materiais utilizados nas aulas em diversas disciplinas.

Grupo de 2 elementos (professor Henrique Leite e assistente social Vera Neves) – Social Assistance and Health Care. Foi discutido o modelo de intervenção e educação na formação de cuidadores para a 3ª idade e auxiliares de saúde. Tivemos oportunidade de assistir a três classes diferentes com alunos de várias idades. Vimos as instalações, bem como os diversos equipamentos e materiais utilizados nas aulas em diversas disciplinas.

Os grupos voltaram a reunir-se para almoçar e fazer um balanço conjunto das atividades da semana. O feedback foi muito positivo e pudemos concluir que os desafios que temos com os alunos em Portugal são muito semelhantes com os da Finlândia. Trocámos contactos e planeámos futuras colaborações. Oferecemos canetas, lápis e post-its da Casa Pia de Lisboa, a todos os participantes na International Visitor Week, no Helsinnki Vocacional College.

Diário de Bordo – Dia 5

Fomos espreitar a Aalto University que está classificada como a melhor universidade de engenharia e tecnologia da Finlândia e uma das melhores universidades jovens do mundo. A missão da Universidade Aalto é moldar um futuro sustentável e está aberta a todos: “Junte-se a nós no desenvolvimento de soluções para um futuro sustentável!”

Visitámos alguns edifícios do Campus, sempre em busca de sinais de desenvolvimento de projetos associados à sustentabilidade. Encontrámos variadíssimos exemplos que iremos partilhar convosco brevemente.

Tivemos a oportunidade de visitar uma exposição sobre biomateriais criados no Centro de Bioinovação. Este centro concentra-se especialmente em inovar com materiais sustentáveis de base biológica, com foco especial em têxteis e embalagens.

Mas o ponto alto desta nossa visita foi o termos encontrado o FabLab da Universidade.
Mesmo sem marcação, fomos recebidos com entusiasmo pelo Mestre de Oficina, Solomon Embafrash que nos guiou num passeio pelos vários espaços, nos apresentou as máquinas e projetos desenvolvidos e explicou que o método de ensino privilegia os projetos interdisciplinares e baseia-se numa aprendizagem orientada para a prática. Combinámos encontrarmo-nos em breve numa videochamada e manifestámos interesse em recebê-lo no nosso FabCPL.

Durante a parte da tarde, fomos visitar o museu de História Natural de Helsínquia. Embora não seja um museu muito grande, tem quatro pisos, nos quais podemos encontrar várias exposições (algumas permanentes e outras temporárias).

Nas exposições permanentes e de forma muito apelativa (o museu apresenta inúmeros modelos de animais em tamanho real dispostos em posições muito realistas) somos levados a compreender mais acerca da fauna e flora finlandesas, bem como acerca da história da vida humana e da vida selvagem do Mundo. Ainda nas exposições permanentes, tivemos oportunidade de analisar o assunto das mudanças climáticas numa perspetiva muito interessantes: tentando salientar aspetos semelhantes e diferentes entre a mudança climática atual e as mudanças anteriores ao nível do clima e ambiente (a este respeito foca-se nas últimas eras glaciares). A exposição permite-nos perceber em que medida os humanos influenciaram a natureza, desde os tempos pré-históricos, e leva-nos a refletir acerca das consequências das mudanças climáticas em curso e acerca das estratégias que temos que tomar (algumas em curso) para nos adaptarmos a essas mudanças e evitarmos piores consequências para a vida na Terra.

Na exposição temporária conseguimos ver uma exposição de ilustrações e desenhos de aranhas da artista finlandesa Hilda Olson (1832–1916), primeira ilustradora científica profissional conhecida da Finlândia.

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